Forma de silogismo ou argumentação em que uma das premissas ou um dos argumentos fica subentendido. Na Retórica, Aristóteles descreve esta disciplina como constituindo uma contrapartida ou um ramo da dialéctica, à qual se liga porque trata de argumentos que não pressupõem o conhecimento de qualquer ciência em particular, antes podem ser utilizados e seguidos por qualquer indivíduo. A função da retórica não é “persuadir mas discernir os meios de persuasão mais pertinentes a cada caso” (Retórica, IN-CM, Lisboa, 1998, p.47). Os meios de persuasão são de duas espécies: os extra-técnicos, como o testemunho, a tortura e as provas documentais, portanto, meios vulgares que estão à nossa disposição em qualquer momento; os técnicos, ou seja os meios que necessitam de ser inventados pelo orador. Há três espécies de meios técnicos: aqueles que se baseiam no carácter do orador (para induzir o público a formar uma opinião favorável); aqueles que consistem em provocar um sentimento emocional nos auditores; e aqueles que fornecem a prova pela mera força do argumento. O terceiro meio de persuasão é privilegiado e possui duas subespécies: o exemplo (o equivalente retórico da indução) e o entimema (o equivalente retórico do silogismo). É este último que Aristóteles considera o método retórico por excelência, o "corpo da persuasão". Devido à sua concisão, o entimema facilita a expressão do pensamento e pode incluir uma demonstração ou uma refutação. Por exemplo, os seguintes versos de Alberto Caeiro ilustram a capacidade demonstrativa do entimema: “O defeito dos homens não é serem doentes: / É chamarem saúde à sua doença” (Poemas Completos de Alberto Caeiro, “XIX”, 1914, ed. crítica, Presença, Lisboa, 1994). Este tipo de construção, vulgar na obra de Fernando Pessoa e seus heterónimos, consagra o tipo de argumento que de obtém pelos contrários, que muitos retóricos depois de Aristóteles consideram ser a única característica do entimema. Para Aristóteles, “há duas espécies de