Enterrando o passado
Às margens do ano 2000, o Brasil começa a voltar suas atenções para a comemoração de seus 500 anos de descobrimento, mesmo que recentemente pesquisas revelem equívocos históricos que comprometeriam a precisão de tal momento. A evidenciação do fato inspira nos mais críticos um momento de reflexão, notadamente iniciado na análise histórica que remete uma explicação para a atual situação do país. A volta ao passado evidencia uma visão histórica depreciativa pois o enfoque é dado pela visão do europeu, que por vezes retrata tendenciosamente fatos indispensáveis à compreensão da realidade. Livros revelam navegadores como heróis, nações européias mitificadas, uma postura contemplativa por um lado, mas distorce a imagem do novo mundo. Nesse princípio fica clara uma concepção capitalista, a oposição entre o rico e o pobre, o poder e a miséria, característicos do cenário de dominação. Dessa forma, o Brasil foi colocado de forma marginalizada, uma postura negativa que empobreceu os valores racionais. Não há quem contemple a riqueza natural, sem ressaltar a pobreza espiritual daqueles que vivem e administram esse país. A visão dos historiadores foi uma herança que entrou na cultura do povo, infelizmente. Desde o princípio fixou-se uma imagem de terra explorada, quintal do mundo desenvolvido, isto é, o Brasil é o mundo subdesenvolvido.
-Para completar essa classificação, ou melhor, essa rotulação, inseriram nas relações passadas o bom colonizador, aquele que trouxe a religião, o ensino, uma maneira de desbrutalizar o povo americano. Assim, asseguraram mais uma vez a superioridade do europeu, agora benevolente. Nota-se claramente que sempre predominou uma análise que jamais revelaria um momento de comemoração. O brasileiro não consegue somar à sua postura de vida os valores nacionalistas. O único orgulho do povo é o esporte, pelo menos evidenciado a âmbito nacional. Isso fica claro quando comparamos o