Ensino sobre religião
PARA NÃO CAIR NO DISCURSO DOUTRINÁRIO.
SILVA, Rafael Rodrigues da (PUC/SP)
O objetivo desta comunicação no simpósio sobre o Ensino Religioso no Brasili consiste na tentativa de analisar: Quais os textos sagrados são utilizados nas aulas?
Como esses textos são utilizados? Quais as linhas de interpretação? A partir deste mínimo mapeamento,
tentaremos
lançar alguns questionamentos
e
algumas
perspectivas para que a disciplina de Ensino Religioso não seja mais uma análise do fenômeno religioso sem a perspectiva da religião e suas interfaces, nem tampouco que seja transformada num aprisionamento doutrinal e catequético. Enfim, pretendemos nesta comunicação aguçar nossos olhares para que a dinâmica do Ensino Religioso nas escolas não caia nas armadilhas da doutrina de uma religião, nas discussões e intrigas intra-religiosas e que se possa pensar esta disciplina de maneira ampla e numa perspectiva macro-ecumênica (por isso anti-ortodoxia).
O ensino religioso, historicamente esteve ligado aos interesses e a grande influência da Igreja Católica na sociedade brasileira. Talvez aqui esteja um dos fatores do embate ao redor da obrigatoriedade ou não do ensino religioso nas escolas públicas, pois para alguns representa a manutenção da interferência do poder eclesiástico, enquanto que para outros é possível a obrigatoriedade do ensino religioso no sistema educacional desde que seja vedada qualquer prática proselitista. Nesta perspectiva é que se tem projetado uma concepção de que o Ensino religioso deve abranger um estudo do fenômeno religioso em sua pluralidade. Com isso, o estudo das religiões sob o olhar de cientistas sociais, de antropólogos e dos historiadores, se apresenta como parte de um patrimônio histórico-social coletivo, salvaguardando a dimensão da experiência pessoal. O ensino religioso passa a ser caracterizado no âmbito das ciências humanas como uma forma de