Ensaio macunaíma
A procura de uma identidade cultural[1]
Elisângela de Britto Palagen[2]
Introdução: Esse ensaio propõe uma discussão em torno da memória e da cultura brasileira para formação de uma identidade cultural em confronto com o desconhecimento e desvalorização de nossas raízes culturais devido à velocidade e quantidade de informações produzidas no mundo e o processo de globalização em que vivemos atualmente. Essa discussão tem como fio condutor a obra Macunaíma, de Mário de Andrade.
Que país é esse?
Como cidadãos do mundo, no séc. XXI, pouco sabemos ou temos consciência das nossas origens. A globalização tornou o mundo uma aldeia. Consumimos a cultura de países tão diferentes do nosso com muita naturalidade e, muitas vezes, desconhecemos a origem e evolução de nossa própria cultura. Essa situação pode ser vista por dois ângulos diferentes, uma onde a globalização é a ferramenta que difunde nossa cultura e outro como o pretexto para torná-la de pouco interesse aos jovens de hoje. Esse pouco interesse nos leva ao esquecimento e como dizem os sábios: um povo sem memória é um povo propício a ser manipulado. Sabemos e concordamos que a cultura é dinâmica, no entanto, é essencial compreendermos de onde viemos, onde estamos e quais as tendências futuras. Com a reflexão do anti-herói Macunaíma, podemos amadurecer idéias, conceitos, fortificar paradigmas ou até mesmo reconstruí-los. O Brasil é formado por uma diversidade cultural imensa que vem desde a época de seu descobrimento através dos índios, a importação dos negros da áfrica com seu trabalho escravo e a vinda de imigrantes de vários países da Europa. Tudo isso misturado num caldeirão de onde se origina uma receita infalível para que um país se torne culturalmente independente. Mário de Andrade mostra isso em seu herói Macunaíma, essa mistura de etnias: o negro, o indígena e o branco. “No fundo do mato virgem nasceu Macunaíma, herói da nossa