Enfermeiro
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
Se possuo a capacidade de registrar, acessar e interpretar informações que são determinadas por características e limites orgânicos, dificilmente poderei estar livre, e isso é bem óbvio, de interpretações que sejam tendenciosas, pelos aspectos das relações que se estabelecem entre minhas capacidades de manipular as percepções e minhas habilidades adquiridas do mundo exterior, de forma adaptativa. Nas palavras de MALAGUTTI (2004, 4): “ Desde os mais remotos tempos o homem tentou entender a natureza com o uso da razão. Os cinco sentidos, tanto no ser humano como nos animais, no entanto, permitem o conhecimento intuitivo do mundo sensível, com pouco apelo ao intelecto racional.”
Coloco esse pensamento para me referir a Berkeley, citado por LOPES (1991 Pág. 92), quando escreve que “o problema de mostrar como adquirimos o conhecimento e como se realiza nosso conhecimento das coisas distintas de nós mesmos é o núcleo da filosofia. Acredito que ele não encontrou e provavelmente jamais encontrará uma solução definitiva.” À imensa variedade de nossas sensações e percepções, associamos um mundo que existe fora de nós, e que é a causa de nossas percepções, uma existência que não é, todavia, segundo a física contemporânea, totalmente independente de nós. A essas percepções associamos, então, coisas e fenômenos — que são construções para exprimir nossas percepções, inclusive aquelas transmitidas por um aparelho de medida física — nestas construções e, em correspondência com os objetos, empregamos idéias inventadas pelo pensamento, noções primitivas e noções logicamente deduzidas, construções que se integram em uma teoria. E o conjunto das teorias, que se propõem a descrever as regularidades de certas classes de objetos e de fenômenos, contribuirá para a formação de uma imagem física do mundo.