enfermagem

Trabalho e aposentadoria: realidade social de moradores de um bairro periférico de uma cidade do interior de São Paulo Thais Silva Cintra1 Daniela de Figueiredo Ribeiro2 INTRODUÇÃO Na sociedade contemporânea, o trabalho é definidor do sentido da existência humana e, mesmo antes da criança entender o significado do trabalho, já está sendo preparada para este através do processo de socialização. A vida humana atual é organizada pelo trabalho, pelos seus horários e atividades, e os relacionamentos pessoais são determinados de acordo com ele (ZANELLI & SILVA, 1996). Bruns e Abreu (1997) afirmam que a própria sociedade define um “tempo útil”, “um limite” na vida das pessoas, estabelecido pela aposentadoria, que se apresenta com um dispositivo legal criado pelo sistema a fim de impor o “limite da mais valia do corpo”. Portanto, torna-se comum a desorientação da pessoa quando pára de trabalhar, sentindo-se inútil e desestruturada emocionalmente. Nesta perspectiva, o trabalho é visto como núcleo da vida do adulto e, quando é tirada a oportunidade de conviver naquele ambiente e com aquele grupo de pessoas, é comum ocorrer um processo de negação, principalmente se a aposentadoria vier de forma abrupta. As conseqüências podem ser o medo da instabilidade econômica, de doenças e da velhice e, também, há relatos de que há incidência de separações conjugais e até o índice de suicídios aumenta nos primeiros anos ou meses da aposentadoria (ZANELLI & SILVA, 1996). Segundo Veras, Ramos e Kalache (1987), na maioria dos países os sistemas de aposentadoria foram fundados há pouco mais de meio século. No início foram instituídos como uma forma de assistência e, cada vez mais, se desenvolvem como um direito do trabalhador. Durante o período ativo é obrigatória a contribuição do indivíduo, assim, após o período funcional, a aposentadoria garante uma renda vitalícia a fim de manter sua subsistência. Segundo Sinésio (1999), a conquista dos trabalhadores pelo direito à aposentadoria