Empresa simulada
O mito de que vivemos em uma democracia plena se desfaz sempre que é realizada uma pesquisa a respeito da situação de algum grupo social subalterno. O caso do grupo formado por travestis, lésbicas, gays, transexuais, transgêneros e bissexuais (LGBTs) não é diferente. Pelo contrário. A concepção dominante de que a heterossexualidade é uma característica natural, e não socialmente construída, sustenta a desigualdade político-cultural existente entre os heterossexuais e os não conformados sexualmente.
Isso se reflete, concretamente, nas diversas formas de discriminação e preconceito às LGBTs nas diferentes esferas de convívio social (família, trabalho, escola etc.). As formas mais truculentas de opressão resultam, muitas vezes, em morte e assassinatos, num quesito em que o Brasil é um recordista. Pesquisa feita pelo Grupo Gay da Bahia (GGB) revelou que, em 2011, um homossexual foi brutalmente assassinado a cada 33 horas no país, resultando ao todo em 266 homicídios. Já no primeiro semestre de 2012, foram 165 assassinatos, uma morte a cada 26 horas.
Tais dados atribuíram ao Brasil o título de país mais homo fóbico do mundo. Aqui cabem duas considerações. Primeiro, o título se sustenta apenas quando comparamos as nossas estatísticas com as de outros países que também fazem esse levantamento, uma vez que muitos países sequer reconhecem formalmente a homossexualidade e a travestilidade. Em segundo lugar, os dados levantados pelo GGB são retirados, sobretudo de notícias de jornais e dados policiais, o que não abrange os assassinatos que não são divulgados pela mídia nem denunciados aos órgãos policiais e jurídicos. Os números, nesse sentido, podem ser muito maiores.
De todo modo, é importante apontar que, durante os últimos anos, se multiplicou o número de pesquisas sobre as LGBTs e a homofobia no Brasil. Importantes iniciativas promovidas por fundações e centros de pesquisa,