Emannuel Carneiro Le o
A existência humana, no seu desejo originário de saber, é um terceiro fator que serve de espaço comum à articulação das divergências e convergências entre a filosofia e a ciência, pois toda trama de relações, conforme Leão, nunca se compõe apenas de dois termos. Sendo que a identidade e diferença, a convergência e divergência entre elas, articulam-se a partir do momento que o homem está à frente delas.
A ciência não se constitui uma exteriorização essencial da existência, pois está inserida numa presença de fato, historicamente condicionada. Já a filosofia nunca estará relacionada com a existência humana, pelo fato da sua própria essência, que é segura de si mesma, como a ciência, sendo essa a primeira divergência, colocando a filosofia e a ciência em lados opostos, a essencialização de ambas.
A ciência tem conhecimento das suas crises de crescimento, pois o seu movimento sempre será linear e contínuo, ou seja, as conquistas da ciência pelas gerações passadas são conservadas e complementadas nas novas conquistas. É certo que a ciência sempre se reconhecerá como ciência, duvidando de tudo, menos de si mesma, tendo sempre a certeza do seu objeto de investigação científica.
Já a essencialização da filosofia, segundo o autor, pertence sempre a uma dúvida angustiante sobre si mesma. Pois a filosofia é um pensamento originário problemático, dentro do seu próprio espaço de desenvolvimento, fazendo de tudo, e em primeiro lugar de si mesma, problema de suas reflexões sobre a origem da verdade, causando a impossibilidade de uma definição positiva, do que realmente é. Só podendo chegar à definição do que ela não é. Sendo essa a grande perplexidade no querer determinar a posição do homem dentro da filosofia, o modo da presença humana na sua problemática.