Em Ecce Homo
“Não sou, por exemplo, um espantalho, um monstro moral – sou antes uma natureza contrária à espécie de homens que, até agora, se veneraram como virtuosos”
Nietzsche conhecia muito bem a sim mesmo, estava apto a defender toda seu conhecimento e conclusão sobre o mundo e sobre aqueles que “lutava” contra e já começa a deixar, mais do que nunca, claro toda sua obra:
“– Entre os meus escritos, o meu Zaratustra aguenta-se por si. Com ele, fiz à humanidade a maior dádiva que até agora lhe foi feita. Este livro, com uma voz que se eleva por cima dos milénios, não é apenas o maior livro que existe, o genuíno livro da atmosfera das alturas – a realidade integral do homem encontra-se abaixo dele a uma distância imensa – é também o mais profundo, nascido da mais íntima riqueza da verdade, o poço inesgotável a que nenhum alcatruz desce sem vir à superfície cheio de ouro e de bondade. Aqui, não fala um «profeta», um daqueles híbridos horríveis de enfermidade e vontade de poder, que se chamam fundadores de religiões”
Os capítulos seguintes seguem a seguinte configuração: “Porque sou tão sábio”; “Porque sou tão sagaz”; “Porque escrevo livros tão bons”. E não é egocentrismo ou crença demais no quão excelente ele é. Na verdade ele esclarece sua vida. Fala sobre seus pais, vida, de onde veio e o que passou para chegar a ser o que ele mesmo considerava ser: um sábio.
“Sou demasiado curioso, demasiado problemático, demasiado insolente, para me contentar com uma resposta grosseira.
Deus é uma resposta grosseira, uma indelicadeza para conosco, pensadores – no fundo, é mesmo apenas uma grosseira proibição: não deveis pensar!“
Com isso, também, ele explicava sua sagacidade e inconformidade sobre religião, sobre a vida e sobre todas as respostas prontas que “a moral do escravo” deixava convicta no mundo.