eletrônica
A Estrada do Futuro, que visava a um público amplo, desta vez o presidente da Microsoft e homem mais rico do mundo fez mira em um alvo só: os executivos. Por enquanto, a aposta está dando certo. O livro não só chegou à lista de mais vendidos de VEJA como se tornou um campeão de citações em reuniões de planejamento empresarial.
A Empresa na Velocidade do Pensamento é, no entanto, inferior ao livro anterior de Gates. A Estrada do Futuro, pelo menos, é repleto de previsões sobre como as novidades tecnológicas modificarão a vida das pessoas. Gates só se esqueceu de mencionar a internet – provavelmente, o maior tropeço de sua carreira. Talvez escaldado por esse vexame, ele preferiu não se arriscar tanto em sua nova empreitada. Assuntos atuais, como os problemas que a Microsoft vem enfrentando com o governo americano, que a acusa de empregar métodos ilegais para controlar o mercado, não são sequer mencionados. O único objetivo de A Empresa na Velocidade do Pensamento é ensinar as empresas a fazer informações importantes circular eletronicamente. Trata-se de uma espécie de bíblia dos usuários de e-mail. Segundo Gates, os meios digitais devem hoje desempenhar, numa organização, o mesmo papel que o sistema nervoso central desempenha no corpo humano.
Enfim, falta assunto em que cravar os dentes neste livro. Dicas para edificar um império econômico, nem pensar. Se tal é o objetivo, melhor procurar obras como O Arquivo Microsoft, Overdrive ou Bárbaros Comandados por Bill Gates. Nenhum deles foi lançado no Brasil, mas todos trazem informações picantes a respeito dos métodos heterodoxos na construção da Microsoft. Como observou o escritor francês Honoré de Balzac, toda grande fortuna tem algum crime por trás