Eixos Da Pesquisa Em Astrobiologia 1
Amâncio Friaça (IAG-USP)
“Quem somos?”, “De onde viemos?”, “Para onde vamos?” Estas questões fundamentais acompanham a humanidade desde a aurora dos tempos. Responder essas indagações é a motivação central da Astrobiologia, uma das mais jovens fronteiras da ciência, que busca estudar a vida no contexto cósmico.
A definição de Astrobiologia pode apresentar alguma variação, porém é necessariamente ampla, como aquela do NASA Astrobiology Institute (1995), “o estudo do Universo com vida” (“the study of the living universe”). Segundo uma antiga definição da Astrobiologia (Lafleur 1941), ela seria a consideração da vida no universo em outras partes além da Terra. Já a definição atual inclui o estudo da vida terrestre, abarcando os efeitos de ordem astronômica sobre a origem e evolução da vida e a expansão da vida para além da Terra, inclusive pela ação humana. Nesse sentido, a astrobiologia faz contribuições importantes à compreensão do impacto humano no ambiente terrestre como ameaças à biodiversidade e dos limites do Sistema Terra, que não devem ser transgredidos para garantir o futuro da humanidade.
A amplidão do tema da Astrobiologia leva-a naturalmente a criar pontes entre diversas disciplinas. Nesse processo, acaba derrubando fronteiras tradicionais (e,em parte, arbitrárias) entre as áreas do conhecimento. Seu próprio nome envolve a fusão de duas disciplinas tradicionais, a Astronomia e a Biologia. E integra imediatamente a Física, Química e Geologia. Incorpora também as ciências que surgiram no século XX do cruzamento interdisciplinar das ciências clássicas acima: astrofísica, bioquímica, geofísica, geoquímica, biologia molecular. Além disso, abriga também as ciências novíssimas de importância crescente no século XXI: ecologia, ciências da complexidade, ciências planetárias, ciências atmosféricas, teoria da informação, nanociências, biologia sintética, tecnologias de exploração espacial.
Considerando-a como o “estudo da vida