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“Orpheu representa um desafio à sociedade culta portuguesa e o desejo de elevar Portugal a dimensões do moderno e da Europa.”
Orpheu foi uma Revista Trimestral de Literatura editada em Lisboa. Apenas teve dois números publicados, correspondentes aos primeiros dois trimestres de 1915, sendo o terceiro número cancelado devido a dificuldades de financiamento. Apesar disso, a revista exerceu uma notável e duradoura influência: o seu vanguardismo inspirou movimentos literários subsequentes de renovação da literatura portuguesa. Mau grado o impacto negativo que Orpheu causou na crítica do seu tempo, a relevância desta revista literária advém de ter, efetivamente, introduzido em Portugal o movimento modernista, associando nesse projeto importantes nomes das letras e das artes, como Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Almada-Negreiros ou Santa-Rita Pintor, que ficaram conhecidos como geração d'Orpheu.
Dois únicos números publicados, em Abril e Julho, marcam o início do modernismo em Portugal. Com direção, no n.º 1, de Fernando Pessoa e do brasileiro Ronald de Carvalho, e, no n.º 2, de Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, o escândalo provocado pela publicação de Orpheu deveu-se, entre outros motivos, à apresentação de práticas de escrita e correntes artísticas vanguardistas, embora surjam na revista ainda compaginadas com leituras e práticas simbolistas e decadentistas.
Mário de Sá-Carneiro
Poeta e ficcionista, Mário de Sá-Carneiro constitui, tal como Fernando Pessoa e Almada-Negreiros, um dos principais representantes do Modernismo português. Nasceu em Lisboa, a 19 de maio de 1890, e morreu precocemente a 26 de abril de 1916, também em Lisboa. Iniciou os seus estudos em Direito na cidade de Coimbra, tendo partido depois para Paris, em 1912, para cursar também Direito, estudos que abandonaria pouco depois por se ter deixado seduzir por uma vida desregrada e de boémia. De temperamento instável e inadaptado, dedicou-se, na capital