Educação ética e consciência
Lucia Klein
A vida que acontece na escola, manifestada nos seus diferentes fazeres, é alicerçada nos valores fundantes da sociedade em que a escola está inserida. Equilibrando-se entre a mudança e a conservação dos valores vigentes, os seus atores- alunos, pais, professores, funcionários- vivem também a partir de diferentes códigos éticos. Como então encontrar uma base, uma referência ética que norteie o fazer da escola, que aponte aos seus protagonistas uma possibilidade de unidade a partir da multiplicidade das idéias? Podemos iniciar refletindo sobre o que vem a ser ética e como esta vem se constituindo ao longo da história humana sobre o planeta. Muito mais que um código de deveres a ser cumprido, a ética representa um conjunto de idéias valorativas resultantes da reflexão do ser sobre a realidade humana e as possibilidades de enfrentamento, com dignidade, dessa realidade. A partir dos valores éticos eleitos por uma pessoa/ grupo social/ sociedade é que se constitui a moral prática norteadora de suas ações. Os valores morais não são válidos para a eternidade: eles se alteram, evoluem, adequando-se à evolução do pensamento humano. A ética não se ocupa de criar códigos morais de conduta, mas, ao definir em sua essência o que é o bem, o belo e o verdadeiro, estabelece os caminhos a serem seguidos na vida prática. O início deste século é propício a essa reflexão, pois vivemos o paradoxo da crise em todas as instâncias da vida humana. Os modelos prontos se esgotaram, as instituições sociais são questionadas, o desemprego, a fome, o abandono dos mais velhos (e mais jovens...), a violência e, por conseguinte o medo e a desesperança parecem ser as marcas deste tempo. São situações que o avanço tecnológico não resolve, pois a base das soluções não está mais no conhecimento científico ou na produção tecnológica e sim, numa mudança de ordem moral, no âmbito da consciência. Pois na sociedade do consumo, o homem corre o risco