educação no saratustra
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A perspectiva educacional presente no prólogo de Assim falou ZaratustraAntes de nos determos na análise a partir do prólogo, é necessário que especifiquemos o sentido do termo “singularidade”, fundamental no estudo sobre a perspectiva educacional no Zaratustra, pois consideramos esta um aspecto central de toda a filosofia educacional de Nietzsche. Desde as suas primeiras obras, o filósofo acentua a importância da busca daquilo que é mais próprio em cada homem. Ele estabelece severas críticas ao estilo de vida gregário do mundo ocidental que molda os comportamentos, segundo as convicções da maioria. Em Schopenhauer educador, convoca o ser humano: “sê tu mesmo”, isto indica que deve-se recusar fazer parte da massa, e evitar permanecer “nos grilhões da opinião corrente...”1. O filósofo já estabelece a tensão entre a singularidade, ou seja, o decurso para ser o que se é e o rebanho, isto é, o comportamento controlado pela opinião dominante; o homem é quem deve direcionar, impulsionar a própria vida: “temos de assumir perante nós mesmos a responsabilidade de nossa existência.”2 Nietzsche denuncia a concepção de que todos devem ser tratados como iguais, o que impede que a característica específica de cada um seja evidenciada como primordial na ação educativa. O filósofo critica as escolas de sua época que fortaleciam através da educação o comportamento gregário, “nesse tipo de educação, [há] uma tendência niveladora, igualitária, que tenta abolir as diferenças e características singulares de cada um que quer tornar todos os cidadãos iguais por decreto.”3 Para Nietzsche, a educação deveria visar, em primeira instância, possibilitar o encontro com o que é próprio, não com condutas que são de domínio da maioria. Conforme comenta Miguel Angel de Barrenechea, o termo “próprio” provém do alemão Meinung e “significa o que é meu e de mais ninguém.”4 Na perspectiva nietzschiana, então, só faz sentido o ato de educar se possibilitar ao homem o estabelecimento daquilo que