Educação de jovens e adultos
Alfabetizar jovens e adultos não é apenas um ato de ensino-aprendizagem, mas a construção de uma perspectiva de mudança. A EJA precisa ser localizada no conjunto de relações sociais contraditórias que marcam a sociedade brasileira. Este cenário da exclusão e desigualdade ocorre desde a época da colonização, pois as poucas escolas que existiam eram privilégio das classes médias e altas. Direitos diferentes para senhores e escravos, proibição de voto à pessoa analfabeta, seleção de votantes em função de renda, discriminação em função de cor, religião ou raça foram alguns dos vários problemas que desencadearam na trajetória de diversos movimentos sociais de trabalhadores, a fim de acabar com a exclusão do trabalhador analfabeto, quase esquecido na legislação brasileira. Em se tratando de legislação educacional, foi a partir da segunda metade do século XX que a educação de adultos teve maior valorização política e social, tanto na esfera governamental quanto na sociedade civil organizada. Para Paiva (1987), após a REV de 1930, era possível encontrar no país, movimentos que discutiam a educação de adultos de forma significativa. O ensino supletivo foi expandido no período pós 1930 e após a I Guerra Mundial. Isto ocorreu devido ao processo de migração campo-cidade e a preocupação governamental com a expansão do ensino elementar; e com ele a educação de adultos, tendo papel decisivo a regulamentação do FNEP em 1945. Seguindo os passos de Paiva, vale destacar que após o final da II Guerra Mundial, os ideais democráticos incentivaram o debate sobre a educação de massas e a organização de Centros de Cultura Popular com o objetivo de difusão cultural às classes trabalhadoras. A primeira Campanha de Educação de Adultos (CEA) ou Campanha de Educação de Adolescentes (CEAA) foi criada em 1947 e extinta em 1963 e tinha como objetivo a democracia liberal. O recenseamento de 1940 mostra que mais de 50% da população com mais de 15 anos eram