Educação carcerária e denegação cultural indígena: (des)velamentos dos sentidos das práticas educativas
5328 palavras
22 páginas
Ana Lúcia Gomes da Silva –UNEB Analucia12@gmail.com
Hildonice de Souza Batista – UFBA hildonice@gmail.com RESUMO
Este texto traz a cartografia das práticas educativas no cárcere, seus efeitos, seus jogos de poder, mapeando o uso do espaço-tempo da prisão, como práticas constituídas pelas ações dos sujeitos históricos, frutos dos processos diferenciados de aprendizagem, dando-nos a dimensão das (des)crenças, dos (des)encantos, da (des)educação que marcam de forma contundente cada ser humano que experiencia o cotidiano do cárcere em seus movediços caminhos, a partir dessa perspectiva estabeleceremos um paralelo dialógico para evidenciar que as práticas educativas não-indígenas também aprisionaram, ou melhor, demarcaram simultaneamente a denegação da cultura e dos valores dos povos indígenas em suas práticas educativas. Nessa cartografia do cárcere, também se percebeu a elaboração de um discurso, de um imaginário transmitido e instituído na educação escolar que denegou secularmente os valores e a cultura indígena, atingindo o cerne da formação da população desse país, e denotando a contradição existente entre a realidade de vida humana no Brasil e as atrocidades e desumanidades para com os diferentes grupos humanos não pertencentes ao locus de valores eurocêntricos de reconhecimento. Tais metanarrativas estão calcadas nas ações colonizadoras e em práticas educativas que afetam diretamente todas as dimensões da existência social dos povos indígenas (sexualidade, autoridade, cultura, língua, espiritualidade, trabalho e subjetividade), instaurando e instituindo um processo de denegação cultural sobre a população indígena e carcerária, denegando suas histórias e seus processos educativos. Objetivamos, pois no presente trabalho, analisar os memoriais, as narrativas, que foram (des)velando para nós pesquisadoras e leitoras outras nuances e aspectos do ser humano que devem ser potencializados na práxis pedagógica, uma vez que, defendemos a tese de que o educar