Educar na Prisão
EDUCAR NA PRISÃO
Orides Bernardino*
RESUMO: O presente artigo objetiva refletir a educação de jovens e adultos no interior de uma prisão, produtos da segregação e do desajuste social, da miséria e das drogas, do egoísmo e da perda de valores humanitários, que tipo de ser humano queremos formar e que sociedade se pretende construir, sendo que a escola, mesmo dentro da prisão, é palco para as grandes transformações sociais.
INTRODUÇÃO
Como professor de história e consciente da luta pela melhoria da qualidade de vida dos excluídos da sociedade, de repente me vejo atuando no interior de uma prisão com educação de jovens e adultos que fazem parte do mundo dos empobrecidos, produzidos por modelos econômicos excludentes e privados dos seus direitos fundamentais de vida. Jovens e adultos jogados em um conflito entre as necessidades básicas vitais e os centros de poder e decisão que as negam. São produtos da segregação e do desajuste social, da miséria e das drogas, do egoísmo e da perda de valores humanitários. Jovens e adultos tratados como objetos, relevados a categoria de “marginais”, “bandidos”, “vagabundos”, excluídos, massacrados e odiados.
Como forma de escamotear tal quadro desolador, a ideologia em voga aponta todas as mazelas para causas individuais e responde com a mais poderosa arma de que dispõe o poder estabelecido, que é o Direito Penal. Quanto maior o caos, maior a necessidade de repressão penal, o que acaba por confirmar uma equação há muito conhecida, ou seja, mais exclusão social, mais pobres, mais incômodos para as classes privilegiadas, mais repressão penal, mais presos e mais lucros para a indústria do controle do crime.
É unânime a opinião de que há urgência de programas sociais que resgatem a dignidade humana, sob pena de uma grande parcela da humanidade não ter qualquer condição de sobrevivência. Partindo dessa premissa, entendemos que, para que a oportunidade de mudança ocorra, é necessário que a