Educa O Profissional No Brasil
O livro de Silvia Manfredi compõe a Coleção Docência em Formação e destina-se a subsidiar os cursos de formação de professores para atuarem neste campo. No capítulo I da 1a Parte ("Trabalho, Profissão e Escolarização: visitando conceitos"), a autora aponta que, apesar de um certo grau de correlação entre escolaridade e empregabilidade, essas relações resultam, na verdade, de uma complexa rede de determinações e contradições sócio-históricas. De forma acertada, ela afirma que as mudanças macro-econômicas ocorridas a partir de 1990, caracterizadas pela nova inserção subordinada do Brasil à economia global, provocaram a diminuição do emprego industrial e o aumento do desemprego, do subemprego e da informalidade.
Conseqüentemente, a Educação Profissional (doravante, EP) em si não gera diretamente trabalho nem emprego, conforme avalia com muita pertinência a autora, constituindo-se como um processo condicionado e determinado de qualificação social. O trabalho e o emprego dependem, segundo Manfredi, da organização dos processos estruturais de produção, das condições do mercado de trabalho, das políticas regulatórias da economia capitalista. Entretanto, justamente por assumir essa visão da questão, deveria estar presente, nesse capítulo, uma análise mais substancial e histórica sobre a crise do fordismo e a emergência da acumulação flexível, por serem categorias determinantes no processo sócio-histórico da metamorfose do trabalho e do emprego no capitalismo global competitivo, com conseqüências profundas nas reformas atuais da EP no Brasil.
No capítulo II, ainda na 1a Parte ("Histórias da Educação Profissional"), Manfredi busca reconstruir a história das práticas educativas do Brasil, não apenas apresentando uma narrativa de sucessão de fatos, mas se preocupando em analisá-los em conexão com as transformações estruturais da sociedade brasileira. Assim, a economia colonial