Edipo
O próprio Freud tinha com o pai Jacob uma relação extremamente forte, detectando-se, em sua personalidade, muitos traços de identificação com o patriarca da família, sendo seu primogênito do segundo casamento com Amália, bem mais jovem do que o marido. Quando Freud nasceu, seu pai já tinha um neto de um de seus dois filhos do primeiro matrimônio, convivendo todos na mesma casa. Quando morreu seu pai, em 1896, Freud, então com 40 anos, sofreu um violento abalo que o levou a iniciar sua autoanálise, a partir da qual descobriu em si mesmo os fundamentos do inconsciente, os laços de amor e rivalidade entre pais, filhos e irmãos e as raízes do complexo de Édipo, com os quais desenvolveu sua metapsicologia e construiu o corpo teórico desse novo saber, tornando-se o pai da Psicanálise.
Desde então, a paternidade tem merecido constante investigação, quer quando se faz presente como função paterna exercida adequadamente, quer quando é deficiente ou mesmo ausente, trazendo consequências nefastas aos filhos e ao grupo familiar. Tanto quanto a mãe é a matriz, a origem psicobiológica e primeiro objeto de amor e cuidado, indispensável à constituição do bebê, o pai é também indispensável nesse processo e seu papel é fundamental na instalação dos limites e da capacidade de simbolização do infans, impulsionando a criança para o mundo, para crescer e desprender-se da mãe, para evoluir em outros espaços externos. O pai é, assim, o operador simbólico da alteridade e do limite, rompendo a relação exclusiva com a mãe, ao instalar a lei de proibição do incesto, propiciando o desenvolvimento e a autonomia do filho.