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Do outro lado do balcão, os empresários reclamavam da alta "rotatividade" dos trabalhadores e ofereciam benefícios para reter funcionários.
Agora que a crise chegou ao mercado de trabalho, mais brasileiros estão perdendo seus empregos e a competição pelos postos disponíveis está cada vez mais acirrada. As oportunidades também demoram mais para aparecer de acordo com as consultorias de Recursos Humanos ouvidas pela BBC Brasil.
Raone Costa, economista da Catho-Fipe, diz que o aumento no numero de empregos e também no salario é bastante significativo no ramo de serviços domésticos. O que pode significar que com a falta de opções no mercado de trabalho muitas pessoas estam voltando a desenvolver serviços domésticos.
A rápida desaceleração do mercado, porém, não quer dizer que as boas oportunidades desapareceram por completo. Alguns setores estão mais resilientes, gerando emprego, ainda que em um ritmo mais lento, ainda segundo Raone Costa.
Márcia Almstrom, diretora da ManpowerGroup, e Natasha Patel, da consultoria Hays concordam:
"O contexto econômico está mais desafiador - ou seja, está mais difícil para todo mundo. Mas embora as oportunidades estejam menos numerosas, elas continuam a existir", diz Almstrom.
"Até porque, além dos setores que estão relativamente bem, também temos as substituições nas empresas que estão se reestruturando. Há uma procura por profissionais mais ecléticos e flexíveis, aqueles que conseguem sair-se bem em um contexto de crise."
"É algo natural em momentos de baixo dinamismo econômico: se há muita gente chorando vai ter alguém vendendo lenço", resume Henrique Bessa, diretor da consultoria Michael Page.
Tanto Almstrom, quanto Bessa relatam que, no geral, as empresas estão oferecendo salários mais baixos do que há alguns meses.