economia

7561 palavras 31 páginas
PLANO REAL, ÂNCORA CAMBIAL E ESTABILIZAÇÃO
João Ildebrando Bocchi1

RESUMO
O Plano Real é mais um caso clássico de estabilização com âncora cambial. Uma de suas especificidades é a prévia superindexação da economia, com a introdução da URV (Unidade Real de Valor). Além da âncora cambial, deve-se considerar a ancoragem devida à contenção dos salários e ao aumento de desemprego, reflexo de uma profunda derrota política dos trabalhadores. Tem-se, ainda, a âncora agrícola, com um choque de oferta positivo, essencial para o controle do custo de vida.
A contrapartida da estabilização é a grande fragilização das contas externas e internas do país. Há um notável crescimento dos déficits comercial e de transações correntes, bem como um grande aumento do passivo externo líquido. Internamente, há um forte incremento do déficit público e da dívida pública, em função das altíssimas taxas de juros praticadas no período.

1 . INTRODUÇÃO
A partir da segunda fase do Plano Real, com a introdução da URV, iniciou-se uma grande polêmica sobre as possibilidades deste plano de estabilização. Economistas de diversas posições teóricas, de Delfim Netto a Maria da Conceição Tavares, vaticinaram um futuro inglório ao plano de estabilização, associando-o, tão-somente, ao cronograma eleitoral. Para estes autores, o “sucesso” do Plano Real iria se esgotar com as eleições de outubro/novembro de 1994. Recentemente, a Folha de São Paulo divulgou informações do Tesouro norte-americano que continham esta mesma avaliação.
O objetivo deste artigo, portanto, é discutir por que o Plano Real funcionou enquanto plano de estabilização, apesar do grande aumento dos desequilíbrios macro-econômicos interno e externo. Para isso vamos analisar, inicialmente, a experiência clássica da estabilização da hiperinflação alemã a partir da introdução de uma nova moeda com estabilidade cambial. O caso alemão é a principal referência histórica para os formuladores da proposta de moeda indexada, a proposta

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