economia
Raul Velloso
Consultor econômico. Ph.D, Master of Philosophy e Master of Arts em economia pela Universidade de Yale, nos EUA.
Diante da crise que assola o mundo, volta à tona a discussão sobre a evolução dos gastos públicos. Sem dúvida, o ajuste das contas públicas levado a efeito nos últimos anos contribuiu decisivamente, com a ajuda de outros fatores
(especialmente o maior crescimento do PIB – Produto Interno Bruto), para a melhoria da situação de solvência do setor público brasileiro. A razão entre a dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB) vem caindo desde meados de 2003, e o superávit fiscal primário mínimo requerido para manter constante a razão entre a dívida e o PIB tem diminuído seguidamente.
Vários estudos têm mostrado, contudo, que a estratégia de ajuste fiscal posta em prática nos últimos anos no Brasil é ineficiente, pois privilegiou o aumento da receita e o corte apenas dos gastos de investimento. O forte crescimento dos gastos correntes que se verificou recentemente tem dificultado a tarefa de manter a inflação sob controle, pois o Banco Central, diante de pressões de demanda agregada sobre a capacidade de produção da economia brasileira, é levado a subir a taxa de juros básica que controla, a taxa SELIC, repetidas vezes. Nesses termos, não apenas cai o consumo privado em relação ao PIB, como, e principalmente, a taxa de investimento privado, impedindo o adequado crescimento da capacidade produtiva do País.
O mundo será bem diferente quando se dissiparem os efeitos da crise atual.
Haverá a redução do volume de empréstimos em geral, e particularmente dos fluxos financeiros para os países emergentes, entre eles o Brasil. Ou seja, reduzirse-á o volume de poupança externa, e, por conseqüência, a taxa média de crescimento das economias emergentes.
A queda, pós-crise, do fluxo de poupança externa que ingressa no País deveria ser compensada pelo aumento da