Economia
No entanto, não se ouviram vozes sobre o essencial: precisamos crescer de outra maneira. Buscar maior crescimento, no modelo atual, significa exportar mais, multiplicar a produção de automóveis e de outros produtos de luxo. E concentrar ainda mais a renda. É isso o que queremos e precisamos?
A economia brasileira já cresceu muito mais. Na época da ditadura militar – significativamente sob ditadura, tempos a que aparentemente ninguém mais quer voltar – o Brasil cresceu a 7%, a 10%, a 13% ao ano. A que preço? Comque transformações na sociedade brasileira? Beneficiando a quem, à custa de quem?
Sabemos que desde aquele momento o modelo econômico se voltou para a exportação e para o consumo suntuário, em detrimento da expansão do mercado interno de consumo de massas. O arrocho salarial era essencial à política econômica da ditadura. Degradaram-se os serviços públicos de educação e de saúde, o consumismo começou a se disseminar no lugar da solidariedade social. Acentuou-se a desigualdade social, com contenção repressiva do acesso popular ao consumo dos bens essenciais, enquanto o eixo dinâmico da economia se concentrava no consumo das elites e no mercado externo.
Podemos dizer que o modelo atual não se diferencia desse, com o elemento agravante de que a pauta exportadora regrediu, com peso crescente de produtos primários, a desvalorização correspondente e a criação menor e de piores empregos. Queremos crescer mais por esse caminho, que acentuou as desigualdades? (O que fez melhorar, pela primeira vez, um pouco a desigualdade foram as políticas sociais, na contramão do modelo econômico.)
O Brasil precisa crescer mais