Economia e Ambiente
Duas realidades, um só fim
A escassez de recursos naturais, agravada por uma repartição desigual pelas diferentes regiões do planeta, está na origem de uma incompatibilidade actual entre crescimento económico e sustentabilidade ambiental. Este trade-off tem sido motivo de muita discussão nos últimos anos mas não foi ainda apontada uma solução suficientemente viável para resolver o problema. Se é indiscutível que o crescimento económico é necessário enquanto contributo fundamental para a melhoria do nível de vida, também não deixa de ser verdade que esse processo tem tido consequências devastadoras sobre o meio ambiente, cuja renovação é indispensável à nossa sobrevivência. Aparentemente inconciliáveis, as duas questões protagonizam um constante jogo de forças que coloca de um lado aqueles que dissimuladamente sobrepõem os interesses económicos aos restantes e de outro os que defendem a
“saúde” ambiental, não devendo esta ser negligenciada em favor do alargamento das cidades, da extracção desenfreada de recursos naturais, destruição de florestas, emissão de gases, entre outros. A nível da tomada de decisões, a prioridade tem sido atribuída ao primeiro grupo, revelando-se o segundo mais fraco com os seus argumentos secundários de protecção do ambiente.
A ambição é, de facto, um entrave à sobrevivência do ser humano por desfocar a visão de longo prazo que este deveria ter da existência da sua própria espécie.
Esta relação desequilibrada que hoje existe entre Homem e Natureza não nos acompanhou desde sempre. Nos primórdios da humanidade o ser humano vivia em comunhão com o meio envolvente. O seu papel limitava-se a recolher os bens que a natureza lhe providenciava e havia um ajustamento da sua parte às condições que lhe eram oferecidas. A interacção harmoniosa começou, no entanto, a alterar-se quando o homem ganhou consciência da possibilidade das suas aptidões físicas e intelectuais lhe permitir abandonar o papel passivo