Economia, trabalho e educação
O sistema educativo tem vindo a evoluir para formas que o vão afastando de um verdadeiro projecto educacional, tendo como principal referência desse projecto, o desenvolvimento pessoal e social dos indivíduos, passando a consignar os seus principais objectivos ao desenvolvimento dos sistemas produtivos, para os quais esses mesmos indivíduos devem ser formados e qualificados mas não, necessariamente, educados. Neste sentido, o que parece estar a acontecer é que o tecido económico tenta cada vez mais monopolizar os currículos escolares e formativos devotados aos interesses organizacionais e menos aos interesses dos seus trabalhadores. Assiste-se a um género de adestramento industrial e economicista1. Desmistificando a ideia de que o desenvolvimento económico determina, objectivamente, as necessidades educativas dos indivíduos, é visível uma tendência crescente para os agentes económicos tentarem monopolizar o "objecto" educativo em favor dos dogmas da competitividade, qualidade, eficácia, eficiência e rentabilidade.
Esta reflexão debruça-se sobre o tipo de influências que o sistema económico tem na construção e definição do sistema educativo. Tenta aferir-se, hipoteticamente, à relação entre esses dois sistemas e observar até que ponto o primeiro pode, ou não, determinar o segundo, reflectindo sobre a apropriação que a economia vai fazendo da educação, introduzindo esta última no planeamento global da economia e na gestão dos recursos humanos e das organizações, marcadamente, produtivas, atribuindo à educação um carácter produtivo e construtivo do tecido económico. A difusão da educação e o desenvolvimento económico: uma relação hipotética
Massimo Paci (Paci, in Grácio et al, 1982: 193-217) analisa e, de certa forma, explica a razão da "perplexidade" das políticas educativas e da economia da educação, ilustrada pela questão,
"A escolarização maciça ao nível do ensino secundário e superior nos países capitalistas mais avançados será útil ao