economia brasileira e moedas
BRASILEIRA
WERNER BAER
Uma breve análise desde o período colonial até a década de 1970
Uma abordagem profunda da economia brasileira até 2002
Os vários planos econômicos a partir da década de 1970
Texto bem docum entado, com informações quantitativas e institucionais
Tradução de
Edite Sciulli
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edição revista, atualizada e ampliada
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Declínio e queda do cruzado
E m 28 DE FEVEREIRO DE 1986, o governo brasileiro anunciou um programa “heterodoxo” de estabilização, rapidamente chamado de "Plano Cruzado”, que visava interromper de imediato uma inflação que parecia estar fugindo do controle e que aparentemente não podia ser dominada por meio de políticas de estabilização ortodoxas. Embora parecesse, a princípio, que o Plano Cruzado atingia seu intento sem efeitos colaterais recessivos, ele fracassou no Final de 1986, quando a inflação ressurgiu, as contas externas entraram em crise e o crescimento real decaiu.
Esse fracasso refletiria um diagnóstico incorreto da inflação brasileira com adoção de políticas inadequadas? Ou se tratava de um plano bem concebido, porém mal administrado, caso em que as forças socioeconômicas teriam atrapalhado sua implementação correta? Este capítulo mostra que as respostas a essas questões são relativamente diretas.
Não há dúvida de que as forças “inerciais” tenham desempenhado um papel fundamental no impulso inflacionário brasileiro, através de processos dinâmicos como a indexação salarial e financeira, a taxa de câmbio regulada por minidesvalorizações, a formação de expectativas e a dispersão dos preços relativos. O Plano Cruzado atacava esses problemas, mas foi fatalmente invalidado por ter incorporado um aumento salarial significativo. Qualquer que tenha sido o bem causado por ele, foi amplamente inutilizado pelo choque inflacionário de salários. Os fatos pioraram devido ao persistente déficit do setor público, à taxa cambial do cruzado relativamente baixa no seu lançamento e,