Ecologia

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Infelizmente a noticia é real. Foi publicado na imprensa internacional, com base científica e fotos de satélite: e se tudo continuar no mesmo ritmo de devastação e devido à incompetência política secular do Governo Federal e a falta de conscientização por boa parte do povo brasileiro em contê-la, a Amazônia desaparecerá do mapa em menos de 200 anos. A única grande floresta tropical ainda existente e refrigerador natural do mundo onde vivemos virará deserto. Internacionalizar seria uma opção, ou então não poderemos mais fazer nada. Melhor dizendo, não seremos mais nada, nem brasileiros, nem terráqueos, deixaremos de existir. Em 200 anos, seremos apenas uma lembrança vaga e infeliz da vida breve, vida louca, na qual estávamos inseridos. A quem possa interessar e ouvir, assinam essa declaração: todos os rios, os céus, as plantas, os animais, e os povos índios, caboclos e universais da Floresta Amazônica.

A tese da internacionalização, ainda que circunstancialmente possa até ser mencionada por pessoas preocupadas com a região, longe está de ser soluçãopara qualquer dos nossos problemas. Assim, escolher a Amazônia para demonstrar preocupação com o futuro da humanidade é louvável se assumido também, com todas as suas conseqüências, que o inaceitávelprocesso de destruição das nossas florestas é o mesmo que produz e reproduz diariamente a pobreza e a desigualdade por todo o mundo. Se assim não for, e a prevalecer mera motivação “da propriedade”,então seria justificável também propor devaneios como a internacionalização do Museu do Louvre ou, quem sabe, dos poços de petróleo ou ainda, e neste caso não totalmente desprovido de razão, do sistemafinanceiro mundial.
(JATENE, Simão. Preconceito e retensão. In: JB ecológico. Ano 4, no 42, jul. 2005, p. 46, 47. fragmento)