Ecologia politica movimientos ambientalistas e contestacion transnacional
10197 palavras
41 páginas
Carlos R. S. MilaniDOSSIÊ
ECOLOGIA POLÍTICA, MOVIMENTOS AMBIENTALISTAS E
CONTESTAÇÃO TRANSNACIONAL NA AMÉRICA LATINA
Carlos R. S. Milani*
INTRODUÇÃO
Os primeiros debates mais politizados e críticos sobre meio ambiente, na agenda internacional, datam do final dos anos 1960 e início dos anos 1970, culminando com o marco histórico que representou a celebração da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano (Estocolmo) em 1972. Antes disso, a representação social sobre o problema ambiental era influenciada, sobretudo, por normas de conservação e preservação de ecossistemas (mares, subsolos, Antártica, zonas desnuclearizadas) e de proteção de espécies ameaçadas de extinção (aves migratórias, mamíferos aquáticos). A partir de 1972, natureza, ciência e política começaram gradativamente a constituir uma agenda comum (Latour, 1999), provocando um diálogo entre a urgência da proteção ambiental e a necessidade do desenvolvimento.
* Professor de Pós-Graduação da Escola de Administração da Universidade Federal da Bahia. Pesquisador CNPq e Coordenador do Laboratório de Análise Política Mundial (LABMUNDO).
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40110-903 - Salvador - Bahia - Brasil. cmilani@ufba.br
Essa agenda tem sido permeada por uma retórica do poder dos discursos institucionais (defesa da soberania incondicionada, princípios de não-ingerência, representação política formal) e pela função de denúncia e monitoramento dos discursos militantes
(catástrofes ambientais, acidentes petroquímicos, expertise ambiental, produção de contra-informação).
Ambos os discursos marcaram fortemente o início do processo de internacionalização da problemática ambiental. A partir dos anos 1980, notadamente no que diz respeito a temas relativos a aquecimento global, proteção da camada de ozônio e da biodiversidade, assim como desflorestamento e desertificação, o meio ambiente se converteu em um tema central na agenda mundial das negociações políticas e econômicas. A