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Imaginário e Mentalidades – uma discussão historiográfica
Dentro dos campos intradisciplinares que tem revelado um sensível enriquecimento dos estudos históricos no que se refere ao interesse por novos objetos e por novas abordagens, a historiografia da segunda metade do século XX assistiu à significativa emergência de campos do saber historiográfico que passaram a valorizar o universo mental dos seres humanos em sociedade, os seus modos de sentir, o Imaginário por eles elaborados coletivamente. As modalidades já tradicionais na historiografia como a História Política, a História Econômica ou a História Social, os novos historiadores propuseram acrescentar a História das Mentalidades, a Psico-História, a História do Imaginário, cada um destes campos conserva singularidades e aspectos que nos permitem separá-los entre si como espaços intradisciplinares bem diferenciados.
A chamada História das mentalidades é uma modalidade historiográfica que privilegia os modos de pensar e de sentir dos indivíduos de uma mesma época. Segundo Michel Vovelle, é o "estudo das mediações e da relação dialética entre, de um lado, as condições objetivas da vida dos homens e, de outro, a maneira como eles a narram e mesmo como a vivem"; ou, segundo Robert Mandrou, uma história centrada nas visões de mundo, ou ainda, segundo Roger Chartier, uma história do sistema de crenças, de valores e de representações próprios a uma época ou grupo. Segundo Duby, a designação ajustava-se à necessidade de explicar o que de mais fundo persiste e dá sentido à vida material das sociedades, ou seja, as ideias que os indivíduos formam das suas condições de existência que "comandam de forma imperativa a organização e o destino dos grupos humanos".
Haveria uma "mentalidade coletiva"? Lucien Febvre perguntava-se se existiriam modos de sentir e de pensar que fossem comuns a Cristovão Colombo e ao mais humilde marinheiro de suas caravelas. Esta pergunta foi