Dualidade estrutural de Furtado e Patrimonialismo de Faoro
Para iniciar as análises propostas para a avaliação é preciso explorar o que o autor nos apresenta da dinâmica das relações sociais portuguesas antes e durante o processo de colonização. Em Os donos do poder nos é apresentado um panorama da sociedade portuguesa onde o que fica em primeiro plano é a ideia de que em Portugal a coroa tinha de ser gerida como a empresa econômica voltada para o mar, e requeria um grupo de conselheiros e executores subordinados ao rei. Ao lado da nobreza, a burguesia tornou-se fator do poder, situando-se dentro do Estado. Acima de uma e de outra, pairavam o rei e a monarquia. Raymundo Faoro define o grupo de comando da sociedade portuguesa, não como uma classe mas como um estamento, como uma camada social. Neste ponto o autor preocupa-se com o estamento político: aquele em que os membros têm consciência de pertencer a um mesmo grupo – qualificado para o exercício do poder. Aliado ao Estado português, o estamento proporcionou-lhe a organização capaz de empreender a aventura ultramarina. A exploração sistemática dos cargos era uma forte característica do Estado patrimonial de estamento cujo objetivo era a obtenção do máximo proveito possível. A corrupção se alastrava e a administração seguia a economia, organizando-a para o proveito do rei, senhor e gerente do tráfico. No decorrer do livro, Raymundo Faoro retrata como o Brasil foi governado, desde a colônia, por uma comunidade burocrática que acabou por frustrar o desenvolvimento de uma nação independente, resultados de um Estado português, que, aliado a um estamento político altamente corrupto e burocrático. Analisando as relações metrópole-colônia, o autor nos diz que, num primeiro momento, o Brasil despontava como um escoadouro para os miseráveis, funcionando como silenciador de revoltas e aliviador de tensões. Isto foi basicamente o que constituiu o ramo popular do impulso colonizador. No período do começo da