DSM-IV
Artigo de revisão
A importância e as limitações do uso do
DSM-IV na prática clínica
Evandro Gomes de Matos*
Thania Mello Gomes de Matos**
Gustavo Mello Gomes de Matos***
HISTÓRIA
Na Grécia antiga, desde o século 5 a.C.,
Hipócrates buscou estabelecer um sistema de classificação para as doenças mentais.
Palavras como histeria, mania e melancolia eram usadas para caracterizar algumas delas.
Ao longo dos séculos seguintes, diversos termos foram sendo incorporados ao jargão médico, como, por exemplo: loucura circular, catatonia, hebefrenia, paranóia, etc. Entretanto, o primeiro sistema de classificação abrangente e de cunho verdadeiramente científico surgiu com os estudos de Emil Kraepelin (1856-1926), que reuniu diversos distúrbios mentais sob a denominação de demência precoce – posteriormente chamada de esquizofrenia por
Bleuler –, ao lado de outros transtornos psicóticos, separando-os do quadro clínico da
* Professor Assistente, Doutor, Departamento de Psicologia Médica e
Psiquiatria, Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de
Campinas (UNICAMP), SP.
** Psicóloga e Mestre, Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUCCampinas), SP.
*** Acadêmico de Medicina, Universidade de Uberaba (Uniube), MG.
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psicose maníaco-depressiva 1. Freud (1895), quase ao mesmo tempo, destacava da neurastenia uma síndrome, denominada neurose de angústia, que passou a ser classificada e estudada juntamente com outros tipos de neurose: hipocondríaca, histérica, fóbica e obsessivo-compulsiva 2 . Esta terminologia perdurou até os anos 80, do século
20.
No ano de 1952, a Associação Psiquiátrica
Americana (APA) publicou a primeira edição do
“Manual Diagnóstico e Estatístico de
Transtornos Mentais” (DSM-I), e as edições seguintes, publicadas em 1968 (DSM-II), 1980
(DSM-III), 1987 (DSM-III-R) e 1994 (DSM-IV), foram revistas, modificadas e ampliadas3.
O DSM-III (1980) foi