Trabalhos Enriquecidos, Trabalhadores Empobrecidos? Autoria: Marco Antônio de Paula Faria, Anderson de Souza Sant Anna RESUMO Este trabalho tem como objetivo apresentar resultados de pesquisa destinada à análise comparativa dos níveis e fatores de qualidade de vida e estresse no trabalho entre profissionais de áreas de comercialização de serviços padronizados e customizados de uma grande empresa brasileira do setor de serviços. Para tal, foi realizada pesquisa de natureza quantitativa, utilizando-se como instrumento de coleta de dados questionário, composto por escalas do tipo Likert. Como referencial teórico, adotou-se o Modelo das Dimensões Básicas da Tarefa (HACKMAN e OLDHAM, 1975) e o Modelo Dinâmico do Estresse (COOPER, SLOAN e WILLIAMS, 1988). Pelos achados observa-se uma inversão das tradicionais escalas das necessidades humanas (MASLOW, 1977; HERZBERG, 1966), centrando-se a organização pesquisada na promoção de fatores associados ao conteúdo do trabalho (fatores motivacionais), como estratégia de tamponamento da insatisfação com fatores de contexto (higiênicos). Em suma, constatam-se profissionais motivados com suas tarefas, pois desafiantes e ricas em conteúdo, porém insatisfeitos com as condições sob as quais as realizam (volume e ritmo de trabalho, estabilidade, remuneração), indicando a relevância de olhar crítico quanto à aplicação contemporânea dos clássicos modelos de motivação. INTRODUÇÃO A partir de fins da década de 1970, a flexibilização dos processos produtivos e a customização de produtos e serviços - esta última compreendida, em sentido estrito, como o desenvolvimento de soluções individualizadas, únicas no contexto - despontam como tendências conceituais (SLACK, 2002; WOOD JR., 1994; GIANESI e CORRÊA, 1994), as quais passam a configurar-se como tecnológica e economicamente viáveis, a partir dos anos noventa, com a introdução de inovações gerenciais e de base microeletrônica (GITHAY e FISCHER, 1996; FREYSSENET, 1995; FERRATTI, 1994; SALERNO,