Dr. FANTÁSTICO ( Dr .Strangelove or: How I learned to Stop Worrying and Love the Bomb)
ANÁLISE FÍLMICA
Dr. FANTÁSTICO
( Dr .Strangelove or: How I learned to Stop Worrying and Love the Bomb)
Uma das grandes magias da sétima arte talvez venha do fato de que uma mesma história possa gerar interpretações diferentes a cada cena, dependendo do olhar e memorial descritivo de quem assiste, sem necessariamente comprometer o contexto geral. Stanley Kubrick consegue isso em elevada potência em seu Dr. Fantástico (sua tradução no Brasil, com título original de Dr. Strangelove: Or How I Learned to Stop Worrying and Start Loving the Bomb), um filme de clima ácido e curiosamente (para um diretor pouco adepto de comédias), sua obra prima do gênero humor negro.
Baseado no livro Red Alert (Alerta Vermelho) de 1958, de Peter George, um ex-tenente da Força Aérea Britânica, Dr. Fantástico, rodado em 1963 e lançado em 1964, conta a história de um general americano louco e paranoico com a "ameaça comunista", em plena guerra fria. Acreditando que estavam sendo subjugados pelos soviéticos através dos reservatórios de água, numa insólita dominação comunista sobre os americanos pelo tratamento de água encanada, ele decide bombardear o poderoso inimigo sem o conhecimento e nem aquiescência de ninguém, usando os sistemas automáticos de defesa desenvolvidos para permitir ataques em situações extremas. Mas isso trará desdobramentos catastróficos porque os soviéticos já desenvolveram a "arma do juízo final", autoacionada em caso de ataques, letal para toda a humanidade e que automaticamente extinguirá a vida na Terra por 93 anos.
As alternativas do filme e seus personagens são absurdos, mas Kubrick lança mão de um contexto realista, trabalhando a possibilidade de uma guerra nuclear desencadeada por situações não previstas, no auge da corrida armamentista, onde uma simples sugestão ou desconfiança viesse resultar em um holocausto nuclear. Cinquenta anos depois do seu lançamento, a condução precisa de Kubrick continua oferecendo uma