Doença de chagas
No Brasil, há hoje dois milhões de pacientes crônicos com doença de Chagas. Destes, seiscentos mil desenvolvem complicações cardíacas ou digestivas, que matam cerca de cinco mil pessoas a cada ano. A doença de Chagas humana é muito antiga - seus primeiros vestígios remontam à América pré-colombiana.
A doença de Chagas representa ainda um sério problema de saúde pública, diretamente relacionado à pobreza, já que está associada a condições precárias de habitação. Portanto, mesmo com a redução significativa da transmissão vetorial e transfusional em muitos paises (incluindo o Brasil), é fundamental a manutenção de políticas de controle desta moléstia. Como o contato com o vetor está relacionado ao desflorestamento e às condições precárias de habitação, a questão sócio-ambiental merece uma atenção especial.
Os medicamentos contra o mal de Chagas apresentam sérios efeitos colaterais e não se mostram eficazes no tratamento de todas as formas da doença, especialmente a fase crônica. Por isso, é importante buscar alternativas, como o teste de drogas empregadas com outras moléstias e o desenvolvimento de novas substâncias, com ação específica contra moléculas do Trypanosoma cruzi. Uma abordagem com resultados promissores, o que sugere boas perspectivas para o futuro, é a terapia com células-tronco, voltada para a recuperação funcional do coração de pacientes.
Descoberta da doença
Em junho de 1907, Carlos Chagas foi designado por Oswaldo Cruz, para combater uma epidemia de malária que paralisava as obras de prolongamento da Estrada de Ferro Central do Brasil em Minas Gerais, na região do rio das Velhas. No povoado de São Gonçalo das Tabocas, que mais tarde se chamaria de Lassance, ele instalou um pequeno laboratório num vagão de trem, que também usava como dormitório. Enquanto coordenava a campanha de profilaxia, coletava espécies da fauna brasileira, motivado por seu crescente interesse pela entomologia e pela protozoologia. Em 1908, ao examinar o sangue