Doentes sociológicos e Doentes biologicos
Inúmeros são os problemas modernos de desajustamento social, os quais precisam ser considerados cada vez mais em conjunto por médicos e por antropólogos para serem bem esclarecidos.
Todos supõem entender de assuntos sociológicos, propondo a solução de problemas, para os quais possuem remédios definitivos. Entretanto, doentes sociológicos são muito mais difíceis de serem atingidos por tais remédios do que doentes biológicos, pois raramente tendem a piorar sob a ação de um tratamento dirigido por um sociólogo improvisado. Um falso sociólogo, no entanto, com algo de louco, pode vitimar esse tipo de doente. Como exemplo, pode ser citado o que ocorreu com a Alemanha, em que fortes doses de nazismo racista acabaram por enlouquecê-la.
Esse é um dos pontos de semelhança entre a medicina e a sociologia: podem ser invadidas com facilidade por loucos que se façam de médicos ou sociólogos enlouquecidos.
Juntos, médicos, sociólogos e antropólogos podem, com proveito comum, se relacionar com o papel de representar a defesa do homem e de sua saúde contra aqueles desequilíbrios que proporcionem sofrimentos e desvantagens para esse homem situado socialmente e condicionado culturalmente.
Como tem sido hábito dizer, a saúde é um equilíbrio, um equilíbrio biossocial. Considerando-se o equilíbrio “saúde” ou “bem-estar”, a verdade é que tanto sociólogos quanto médicos, ao lidarem com problemas de saúde, lidam com problemas que têm a ver com valores para o homem, para culturas e sociedade.
A saúde existe como valor estimado e desejado para várias sociedades e culturas do ponto de vista socioeconômico, tido de forma mística ou mágica em alguns casos. Do ponto de vista socioeconômico, o indivíduo doente, “desequilibrado” – quando se entende saúde como equilíbrio -, faz falta ao seu grupo e pode fazer falta à sociedade, tornando-se, muitas vezes, em encargo.
Entre as sociedades e culturas, dentre as chamadas primitivas, atribui-se caráter