Doen A De Graves
REVISÃO
Doença de Graves
ISSN 0871-3413 • ©ArquiMed, 2008
Doença de Graves
Celestino Neves*, Marta Alves*, José Luís Delgado†, José Luís Medina*
*Serviço de Endocrinologia, Hospital de São João, EPE, Porto e Faculdade de Medicina da Universidade do Porto;
†Serviço de Imunologia, Hospital de São João, EPE, Porto
A doença de Graves é a principal causa de hipertiroidismo. É uma doença auto-imune de etiologia não esclarecida, certamente multifactorial e com evidente predisposição genética. A sua frequência, a sua natureza auto-imune e as consequências potencialmente graves da doença não tratada fazem dela objecto de intensa investigação, tendo em vista a melhor compreensão dos mecanismos patogénicos e a descoberta de novas terapêuticas, mais eficazes e idealmente dirigidas contra o próprio processo auto-imune. Os autores decidiram congregar nesta revisão o conhecimento actual mais relevante sobre o tema, de modo a optimizar a qualidade da prática clínica.
Palavras-chave: doença tiroideia auto-imune; hipertiroidismo; Graves.
ARQUIVOS DE MEDICINA, 22(4/5):137-46
INTRODUÇÃO
A doença tiroideia descrita por Robert Graves em 1835
(1), hoje conhecida como Doença de Graves (DG), é uma doença auto-imune que se caracteriza pela presença de hipertiroidismo, bócio, oftalmopatia e, ocasionalmente, dermopatia infiltrativa ou mixedema pré-tibial.
A DG é responsável por 60-80% dos casos de hipertiroidismo. Relativamente à incidência por género, surge numa relação feminino/masculino de 5-10:1 (2). A incidência anual em mulheres durante um período de 20 anos é cerca de 0,5 por 1000 (3). Pode surgir em qualquer idade, contudo a idade típica situa-se entre os 20 e 40 anos. A prevalência é semelhante entre caucasianos e asiáticos e é menor na raça negra (4).
PATOGÉNESE
Na DG, as células T reagem com péptidos processados, derivados dos antigénios tiroideus, o que leva à sua activação. As células T activadas aumentam a secreção de anticorpos pelas células B (5). A