Documentário Musical
No artigo “Um imaginário da redenção: sujeito e história no documentário musical”, a jornalista Mariana Duccini tenta decifrar as significâncias e simbologias do documentário musical, entendido como um gênero narrativo que agrega na obra audiovisual a personificação da música e seus intérpretes, juntamente aos aspectos histórico-culturais das épocas em que se inserem. Nesse gênero documental, o fio narrativo é tecido de três modos: através de uma construção biográfica do músico retratado, como podemos evidenciar em “Raul - O Início, o Fim e o Meio” (2012), filme que reconstrói a carreira de altos e baixos do icônico cantor, Raul Seixas; uma “revelação/redenção”, presentes em filmes que retratam problemas íntimos dos sujeitos retratados; ou de reminiscências, “acontecimentos emblemáticos de nossa história”, como se a intenção fosse captar uma vibe, um momento e sensações particulares de determinada época, como o sentido presente “Tropicália” (2012), filme que foca os aspectos culturais da contracultura no Brasil dos anos 60. Duccini, ainda frisa que os documentários musicais não se propõem a divulgar e promover artistas, como os videoclipes e os registros de turnês; mas sim analisar o artista em seu meio de atuação. Portanto, ao analisar as estratégias narrativas desse gênero, deve-se levar mais em conta os aspectos literários, culturais e históricos atrelados às personagens e não somente as representações musicais, que, muitas vezes, parecem ficar em segundo plano dentro da unidade fílmica. A música, nos documentários musicais, serve de elo para a condução narrativa sendo elemento presente no raccord entre as sequências. O som desses filmes normalmente é captado diretamente, mas podem-se incluir também melodias gravadas durante sequências de imagens expositivas, que são retiradas dos álbuns do próprio artista. Salvo as características técnicas da sonoplastia, o documentário musical trabalha o