Do senso trágico do viver: apreciação estética de Saturno devorando seu filho, de Goya
CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO
ESTÉTICA – PROF. ª MARIA DO CARMO NINO
HIJI HENRIQUE DE SIQUEIRA SILVA
Do senso trágico do viver: apreciação estética de Saturno devorando seu filho, de Goya
Recife, 26 de novembro de 2010.
APRESENTAÇÃO
O presente ensaio traz uma apreciação do trabalho Saturno devorando seu filho, de Francisco de Goya y Lucientes. Esta pintura faz parte da obscura série das quatorze Pinturas Negras, produzidas na fase final da vida do artista. Para fins de alusão ao tempo, a ser discutido no decorrer do ensaio, utilizarei o nome original do deus na mitologia grega, Chronos.
Existem diversas versões impressas e digitais em cores deste quadro, em virtude dos distintos tipos de câmeras que o registraram. Para a apreciação foi utilizada uma imagem de boa definição e com a paleta de cores em consonância com a versão mais encontrada da mesma na internet.
Do senso trágico do viver
“Eu as pinto para ter o gosto de dizer eternamente aos homens que não sejam bárbaros” Goya.
A mitologia grega, segundo o historiador Vasconcellos (2001), conta-nos que de Úrano (Céu) e Géia (Terra), nasceram vários filhos; dentre eles, Chronos, um dos Titãs, que um dia, tomando o poder sobre o Céu, tornou-se o deus supremo.
Chronos se casou com Réia. Entretanto, haviam predito ao novo soberano que ele haveria de ser destronado como Úrano, e também pelo próprio filho. Tentando escapar a este destino, Chronos devorava os filhos assim que Réia os dava à luz. Um dia a mãe, não suportando mais essa situação, fugiu grávida para a ilha de Creta e ali gerou Zeus. Para enganar o marido, envolveu uma pedra no manto e, fingindo tratar-se de mais um filho de Chronos, deu-lhe para que devorasse. Mais tarde, Zeus, ao lado dos outros deuses do Olimpo, guerreou