Do gene à proteína
N ÚMERO 6
O UTUBRO
DE
1997
EDITORA MODERNA
DO GENE À PROTEÍNA
J. M. Amabis* e G. R. Martho
A
síntese das proteínas de um ser vivo representa muito mais que um simples processo de fabricação de macromoléculas. É por meio das proteínas que os genes dizem às células o que elas devem ser e o que devem fazer. As novas descobertas vem permitindo compreender cada vez melhor os passos que levam do gene à proteína. Nesta publicação apresentamos um resumo dos principais conhecimentos atuais sobre o mecanismo de síntese de proteínas nas células vivas.
BREVE HISTÓRICO DA RELAÇÃO ENTRE
GENES E PROTEÍNAS
A elucidação do mecanismo pelo qual os genes controlam a síntese das proteínas foi resultado do acúmulo gradual de conhecimento científico ocorrido durante os séculos XIX e
XX. Nesse período, pesquisadores dedicados e persistentes compreenderam que as proteínas são os principais produtos funcionais dos genes. É por meio das proteínas que o código contido no DNA se manifesta.
A história das proteínas começa no século XVIII, com a descoberta de que certos componentes do mundo vivo, como a clara de ovo (albúmen), o sangue e o leite, entre outras, coagulam em altas temperaturas e em meio ácido. Substâncias com esse tipo de comportamento foram denominadas albuminóides (semelhantes ao albúmen).
No início do século XIX descobriu-se que os principais constituintes das células vivas eram substâncias albuminóides. Em um artigo publicado em 1838, o químico holandês
Gerardus Johannes Mulder (1802-1880) usou pela primeira vez o termo proteína (do grego proteios, primeiro, primitivo) para se referir às substâncias albuminóides. Na verdade, foi o sueco Jöns Jacob Berzelius (1779-1848), um dos mais importantes químicos da época, quem sugeriu o termo a
Mulder, por acreditar que as substâncias albuminóides eram os constituintes fundamentais de todos os seres vivos.
Na virada para o século XX, o interesse pelas proteínas