Diário de 1808
A Viagem ao Brasil
Nossa esquadra levou quase dois meses oara atraversarmos o oceano atlantico. Foi uma aventura cheia de sofrimentos. Nossos navios foram desenhados como se fossem capsulas de madeira lacradas, para impedir a agua do mar invadir os barcos, e sobrevivermos as grandes tempestades oceânicas. dentro deles tinham pequenas escotilhas, que eram fechadas quase sempre, aqueles lugares ficavam sem nenhuma ventilação. não tinha agua corrente dentro dos navios, e nem banheiros, para as necessidades, tinhamos que usar as cloacas, que eram plataformas presas na proa, sobre a amurada dos navios, onde os dejetos eram jogados no mar. Nos só comiamos discoitos, lentilha, azeite, repolho azedo, e carne de porco ou bacalhau. Ou seja, alimentos que ficavam mais tempo conservados, sem estragar. Naquele calor, ratos e baratas entravam nos depósitos de mantimentos. Por falta de frutas, a maior ameaça lá era o escorbuto, doença fatal causada pela falta de vitamina C. Era terrível, os tripulantes sofriam de fraquesa, queimavam de febre, e tinha dores insuportáveis, a gengiva mecrosava, os dentes caiam simplesmente tocando. Na neo capitânia Príncipe Real, onde eu estava, que levava D. João e a rainha Maria I, iam 1054 pessoas. com 67 metros de comprimento, e 16,5 de largura, três conveses para as baterias de tiro dos nossos 84 canhões e um porão de carga, o navio não tinha espaço para todos nós. Enfim, a gente se arrumava como podia e muitos dormiam ao relento, amotoados, no tombadilho. Nos primeiros dias, enquanto ainda estavamos no emisfério norte, ondas fortes despejavam água gelada sobre o convés super lotado, onde os marinheiros trabalhavam em meio ao nevoeiro e ás rajadas de vento frio. Muita agua penetrava nos cascos por causa dos muitos vazamentos. As velas e cordas apodreciam. O madeirame gemia sobre o impacto das ondas e o vento. dando pânico sobre os passageiros, pois não estavamos habituados ás durezas das