DIÁLOGO: UM MÉTODO DE REFLEXÃO CONJUNTA E OBSERVAÇÃO COMPARTILHADA DA EXPERIÊNCIA
Humberto Mariotti
Introdução
O que atualmente vem sendo chamado de diálogo é uma metodologia de conversação que busca os seguintes resultados: a) melhoria da comunicação entre os interlocutores; b) observação compartilhada da experiência; c) produção de percepções e idéias novas. O diálogo amplia a percepção cooperativa do real. Sua marca fundamental é, pois, a fertilização mútua.
A proposta não inclui chegar a sínteses nem tomar decisões; estas são as finalidades da discussão e do debate. Na interação dialógica, o propósito é exercitar novos modos de ver e criar significados em conjunto. Por esse motivo, a denominação “diálogo” é até certo ponto inadequada. Em nossa cultura, aquilo que conhecemos com esse nome é uma interação verbal — a discussão/debate — em que os participantes defendem posições, argumentam, negociam e, eventualmente, chegam a conclusões ou acordos.
A metodologia dialógica, como acabamos de ver, não busca nada disso. No entanto, o termo “diálogo” já está consagrado pelo uso. É necessário, pois, buscar formas de atenuar as confusões e equívocos derivados dessa inadequação. O ideal seria abandonar a palavra “diálogo” e substitui-la por outra, mas já sabemos que isso não é mais viável. Por essa razão, proponho que sempre que a utilizemos — no sentido em que é considerada neste texto — ela seja complementada pela explicação de que o diálogo é uma atividade cooperativa de reflexão e observação da experiência vivida.
Definição
Diante do exposto, proponho a seguinte definição: diálogo (reflexão conjunta e observação cooperativa da experiência) é uma metodologia de conversação que visa melhorar a comunicação entre as pessoas e a produção de idéias novas e significados compartilhados. Ou, posto de outra forma: é uma metodologia que permite que as pessoas pensem juntas e compartilhem os dados que surgem dessa interação sem procurar analisá-los ou julgá-los de