O trabalho de campo
Reflexões sobre uma Experiência em Andamento com a
Comunidade Negra dos Arturos e a Associação Cultural
Arautos do Gueto em Minas Gerais1
Glaura Lucas
Resumo
Trata-se de uma reflexão sobre os modos de fazer o trabalho de campo, quando o estudo etnomusicológico inclui a perspectiva da pesquisa-ação participativa. O foco são as relações humanas, bem mais intensas e dialógicas nesse tipo de pesquisa, realçando a importância de se considerarem eventuais mal-entendidos nas interações que evidenciam maior distanciamento cultural entre as partes, buscando formas de minimizá-los. Os exemplos abordados emergem de um processo de pesquisa em andamento, tendo como parceiras a Comunidade Negra dos
Arturos, situada em Contagem, Minas Gerais, e a Associação Cultural Arautos do Gueto, com sede no Morro das Pedras, em Belo Horizonte. A partir da discussão sobre esses exemplos, tecem-se finalmente algumas considerações sobre as implicações, para os cursos de graduação e pós-graduação, da busca crescente dos alunos por essa modalidade de pesquisa compartilhada.
Abstract
This paper aims at discussing ways of developing fieldwork, when the ethnomusicological study is carried out according to the perspectives of a participatory action research. It focuses on the human relations, which become more intense and dialogical in this type of research. The importance of considering occasional misunderstandings throughout the process is highlighted, especially when there is a greater cultural gap between researcher and the people whose music is being researched, and forms of reducing them are discussed. The examples approached emerge from a research in progress, which is being developed together with Comunidade Negra dos Arturos (Black Community of Arturos), located in Contagem, Minas Gerais, Brazil, and the
Associação Cultural Arautos do Gueto (Arautos do Gueto Cultural Association), which is situated in Morro das