Divisao do trabalho -durkeheim
Na obra Da Divisão do Trabalho Social, Durkheim desenvolve alguns dos conceitos elementares de sua teoria acerca da levedação do mundo moderno: coesão, solidariedade mecânica, solidariedade orgânica, consciência coletiva. Nesta perspectiva, o autor apresenta a generalização do fenômeno da divisão do trabalho a partir da revolução industrial consolidando uma estrutura de especialização em todos os setores e serviços da sociedade moderna, o que se reflete inclusive na ciência (p. 52). Propõe assim, uma problematização acerca da postura a ser adotada frente a este fenômeno: resistir-lhe ou abandonar-se a ele? E propõe também uma discussão acerca de sua valoração moral: já que a divisão do trabalho aparece, segundo Durkheim, como uma lei da natureza, seria ela também uma regra de conduta moral? (p. 54). Nisso duas tendências atuam contrárias sem apresentar solução: o valor moral do trabalho humano reside na dimensão do todo ou na particularização das tarefas? (p. 55). Para captar a importância desta reflexão, não se deve ater-se às discussões acerca do que é moralidade, mas de como ela atua, e de qual papel de fato ela desempenha na organização social. Por isso, é também necessário realizar um esforço metodológico de afastamento das pré-noções para compreender objetivamente a divisão do trabalho e assim,, estudando-a “em si mesma, procurar saber para que serve e de que depende” [p. 58], comparando-a em relação com outros fenômenos. Neste sentido, o autor analisa a função da divisão do trabalho, visando determinar o seu significado, ou seja, compreender “a qual necessidade a que corresponde” (p. 63) tal fenômeno no organismo social. A primeira vista, quando percebida pelo senso comum, a função da divisão do trabalho seria a própria produção da civilização (p. 64), mas Durkheim questiona esta percepção problematizando-a com base na relação moral-civilização (p. 65): para o autor a