Diversos
Pacheco Eduardo
Aluno do 3º ano do curso de Filosofia da FLUL
Cada um tem a sua filosofia, mas isto não é subjectivismo nem relativismo, porque a filosofia de cada um é insubstituível
I
Antes de prosseguirmos, parece-nos oportuno deixar bem vincado que não nos preocupa fazer do nosso trabalho mais um nutriente para a polémica que gira em torno da temática que adiante iremos tentar abordar. Também não nos move o propósito de realçar controvérsias que nada abonam a favor do saber filosófico. Pelo contrário, o que nos interessa com o presente trabalho é reconhecer a pertinência do pensamento do autor e aprofundarmos os nossos conhecimentos no que diz respeito ao seu sistema filosófico.
Hesitamos antes de enveredarmos por esta senda, por esta escolha, pois ao lermos Hegel, poderíamos facilmente ser levados a crer que dificilmente conseguiríamos realizar um trabalho minimamente consistente. Por outro lado, ainda na fase iniciática das nossas leituras, pareceu-nos que Hegel, assumia uma posição pouco generosa para com todos os povos não ocidentais. Mas uma coisa ficou bem clara para nós, é indispensável conhecer-se a visão do mundo do autor, seja quando for o juízo que sobre ela façamos. Gostaríamos, pois, de produzir um efeito salutar de estranheza face às interpretações correntes. Longe de nós está o propósito de exumar contendas que um tema desta envergadura pode suscitar. Porque nos motiva tão-só o incitamento em compreendermos o pensamento do nosso autor à luz do nosso tema.
Interessa, agora, após ultrapassarmos o pórtico, entrar mais fundo na matéria que nos pre-ocupa e nos vai ocupar até ao remate do presente trabalho.
Podem as linguagens comunicacionais africanas, a sua escrita alfabética, modos de inscrição simbólica e o complexo de oralidade, se afigurar num pensamento filosófico contemporâneo?
A filosofia africana existe, ou não é, senão um mito? Estas questões não são de fácil resposta.