Diversos
CDD: 370.193
ONGs e escolas públicas: a palavra dos educadores
Daniel Monteiro da Silva1
RESUMO
Este artigo analisa as conexões entre o público e o privado, no contexto particular do chamado “terceiro setor” e sua repercussão para a área educacional. Ao lado de outros atores, representados por organizações da sociedade civil, as organizações não-governamentais (ONGs) têm ganho cada vez mais visibilidade e despertado o interesse sob diferentes perspectivas. No Brasil, o tema da articulação entre o público e o privado, na área da educação, tem se apoiado muito mais em discursos do que em práticas. Neste artigo discuto resultados de pesquisa qualitativa na qual examino a hipótese de que existe uma contribuição entre ONGs e escolas públicas básicas. Algumas ONGs, na formulação de seus programas e projetos, apesar de estimularem estudantes a frequentar escolas, invalidam as ações por estas realizadas. Tais procedimentos têm contribuído para suscitar oposições entre
ONGs e escolas públicas, traduzidas, por exemplo, nas atitudes de estudantes que demonstram interesse, comprometimento e engajamento nas ONGs e apatia, desmotivação e extrema aversão à escola. A falta de uma legislação específica, a ausência de estatísticas oficiais, os discursos sem fundamentação e a pouca visibilidade dos atores que efetivam a parceria entre ONG e escola são elementos importantes deste contexto. Docentes de escolas públicas que atuam simultaneamente em projetos sociais de ONGs se apresentam como atores privilegiados para a compreensão deste contexto.
PALAVRAS-CHAVE
Educação escolar; Educação não-formal; Educador social; ONGs
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Mestre em Educação pela USP. Professor da Escola Estadual Rodrigues Alves (São Paulo) e membro do GT. de Educação da Rede Nossa São Paulo. E-mail: msdaniel@usp.br – São Paulo, SP, Brasil.
© ETD – Educação Temática Digital, Campinas, v.12, n.2, p.138-150, mar. 2011 – ISSN: 1676-2592.
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PESQUISA
NGOs and public