Ditadura
Fazia nessa época o tiro de guerra. O sargento assustava todos os atiradores. Soldados... , terroristas planejam trazer carros bombas e explodirem na sede do tiro de guerra. Montava guarda tremendo de medo, esperava que terroristas perigosos explodissem aquela sede. Ocorreu lá em São Paulo que o pessoal da guerrilha contra a ditadura explodiu um carro bomba num dos postos do exército. Morre um cabo que estava de plantão na guarda do posto, chamado Mário Cosel Filho. O pobre soldado morto pelos assassinos perigosos é um herói nacional, em homenagem a ele nossa turma se chamará Mario Cosel Filho. As palavras do sargento incutiram na minha cabeça e dos outros soldados uma idéia errada sobre o que acontecia no país, éramos meninos pobres e lutávamos para sobreviver, não sobrava tempo de ler e nem de se inteirar do que ocorria realmente no país. Éramos totalmente alienados da situação política pela televisão e pelos jornais. E nesse clima de terror nós passamos o ano de 68. Via na rodoviária, nos bares, cartazes com fotos das pessoas que lutavam contra a ditadura os chamados de temíveis terroristas, procurados vivos ou mortos, chegava a pensar que se reconhecesse alguém denunciaria imediatamente para a polícia, achava que estava fazendo um imenso bem ao país. Quando a seleção brasileira ganhou a copa de 70, o presidente Emílio Médice passou a ser para nós um herói, um presidente fora de série, que conseguiu levar o Brasil ao tri-campeonato mundial de futebol. E a ditadura se prolongou. Tinha um enorme desejo de buscar uma carreira artística, que fosse teatro, pintura, escultura, sentia que tinha potencial e impulso para criar. No início de 71 em pleno vigor da ditadura, governo Médice fui pra São