J no comeo do Regime Militar (1964-1985), o governo federal se utilizou das mais diversas estratgias de coero e controle da opinio pblica. Os Atos Institucionais e a censura prvia imprensa foram apenas dois desses mecanismos, amplamente utilizados ao longo de boa parte do perodo ditatorial no combate aos setores de oposio. A represso oficial no impediu, no entanto, que os mais variados grupos sociais tenham se mobilizado em reao aos desmandos dos governos militares. Ao contrrio, medida que as censuras se aprofundavam, os movimentos de resistncia se radicalizavam, o que pode ser evidenciado na Passeata dos Cem Mil e no crescimento de grupos subversivos armados. Mesmo com a censura, a cultura brasileira no deixou de criar e se espalhar pelo pas e a arte se tornou um instrumento de denncia. Passeata dos Cem Mil No dia 26 de junho de 1968, cerca de cem mil pessoas ocuparam as ruas do centro do Rio de Janeiro e realizaram o mais importante protesto contra a ditadura militar at ento. A manifestao, iniciada a partir de um ato poltico na Cinelndia, pretendia cobrar uma postura do governo frente aos problemas estudantis e, ao mesmo tempo, refletia o descontentamento crescente com o governo dela participaram tambm intelectuais, artistas, padres e grande nmero de mes. Desde 67, o movimento estudantil tornou-se a principal forma de oposio ao regime militar. Nos primeiros meses de 68, vrias manifestaes tinham sido reprimidas com violncia. O movimento estudantil manifestava-se no apenas contra a ditadura, mas tambm poltica educacional do governo, que revelava uma tendncia privatizao. A poltica de privatizao tinha dois sentidos era o estabelecimento do ensino pago (principalmente no nvel superior) e outro, o direcionamento da formao educacional dos jovens para o atendimento das necessidades econmicas das empresas capitalistas (mo de obra especializada). Essas expectativas correspondiam a forte influncia norte-americana exercida atravs de tcnicos da USAID que atuavam junto