Ditadura civil Militar - Afasta de mim essa sombra
Ditadura civil-militar: Afasta de mim essa sombra | Brasil de Fato
Ditadura civil-militar: Afasta de mim essa sombra
Reprodução
Arcabouço legal e constitucional, ações violentas e assuntos ainda velados: resquícios da ditadura ainda estão entre nós
01/04/2014
Viviane Tavares
Da EPSJV/Fiocruz
A data de 31 de março deste ano nos traz à lembrança um momento que não devemos apagar da memória: os
50 anos do golpe militar. Após as jornadas de junho, as tramitações de leis atuais e a quase diária incursão policial sobre as populações pobres, com uma violência promovida pelo
Estado, mostram que ainda há sombras destes tempos.
Os resquícios desse período permanecem ainda na Constituição e com grandes empresas que nasceram ou cresceram às custas da ditadura, em áreas como a construção civil e a comunicação.
O alcance da Comissão Nacional da Verdade está aquém de países que passaram por ditaduras no mesmo período, como
Argentina, Chile e Uruguai, e uma das provas é que, aqui, nenhum integrante do regime militar foi preso até hoje.
Os números dos tempos ditatoriais impressionam. Foram mais de 20 mil submetidos à tortura física, 360 mortos, incluindo
144 dados como desaparecidos.
Mas os números atuais são ainda mais alarmantes: mais de 18 mil jovens morrem ao ano, segundo o Mapa da Violência 2013,
47 mil pessoas estavam presas indevidamente, de acordo com relatório publicado em 2013 pelo Conselho Nacional de Justiça
(CNJ), e, até agora, dez pessoas morreram em decorrência da violência nas manifestações que começaram em 2013.
Além disso, o Brasil ainda convive com uma triste realidade: somos o único país da América Latina onde os casos de tortura aumentaram após o regime militar, como aponta o filósofo Vladimir Safatle.
De 1984 para cá, casos simbólicos como o Massacre do Carandiru, a Chacina da Candelária, o recente desaparecimento do pedreiro Amarildo, em um Estado democrático de direito, mostram que as raízes dos tempos