Discussão acerca da revisão da literatura
Nem tudo é plágio, nem todo plágio é igual: infrações éticas na comunicação científica
Not everything is plagiarism, plagiarism is not all the same: ethical infractions in scientific communication
Ana Terra Mejia MUNHOZ* Debora DINIZ**
O
tema do plágio suscita reações intensas. Seja no ambiente restrito da sala de aula, seja no contexto amplo da comunicação científica, não se fica indiferente ao flagrante de um caso de plágio, que gera desde a frustração e indignação até o mais grave sentimento de ultraje. Talvez por isso o discurso sobre essa prática se mostre tão rico em metáforas e analogias: nos artigos deste debate, assinados por Newton Narciso Gomes Junior, Hélder Boska de Moraes Sarmento e Paulo Rogério Meira Menandro, o plágio é tratado como “ato de vilania”, “golpe de estelionato”, “falsificação de autoria”, “rapinagem”, “usurpação”, “mecanismos de corrupção”, “ardis”, “dissimulação”, “soluções ilícitas” e “fraude intelectual”. Esses são termos também
encontrados na literatura sobre o tema e, não raro, o campo semântico dos adjetivos que qualificam o plágio é o mesmo daqueles que descrevem o crime, embora nossa aposta seja a de tratá-lo não como objeto de sanções penais, mas como infração ética. Na condição de infração ética, o plágio faz fronteira com outras fraudes relacionadas à autoria. Exemplos desse tipo de fraude ocorrem quando há omissão do nome de um indivíduo cuja contribuição justificaria sua inclusão nos créditos de um texto, que chamamos de autoria fantasma, ou, ainda, a indicação indevida de uma pessoa cuja colaboração para o estudo não foi suficiente para que ela recebesse o crédito como
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Linguista e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero Antropóloga, professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis – Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero. E-mail: .
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Argumentum, Vitória (ES), ano 3, n.3, v. 1, p.50-55, jan./jun.