Discursos sobre os acidentes de trabalho
OLIVEIRA, Fábio. A persistência da noção de ato inseguro e a construção da culpa: os discursos sobre os acidentes de trabalho em uma indústria metalúrgica. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, 32 (115): 19-27, 2007
BREVE SÍNTESE
O artigo basicamente busca comprovar que os discursos utilizados nas empresas adotaram concepções culpabilizantes, que na maior parte do tempo acabam delegando a responsabilidade do acidente do trabalho ao próprio trabalhador.
Inicialmente o artigo evidencia a vertente teórica que exerce influência no ambiente trabalho quando tratamos o tema análise acidental. Ato inseguro e condições inseguras são os conceitos chave da “teoria dos dominós”. Segundo Henrich(1959) o acidente de trabalho seria causado por uma série de fatores e atos inseguros que tem como conseqüência final o acidente. Segundo essa concepção o comportamento inadequado somado as condições inseguras resultariam em acidente.
Essa concepção heinrichiana foi fortemente difundida aqui no Brasil durante a década de 70 e 80. Essas décadas foram marcadas pelo chamado “milagre econômico”, um período em que houve grande necessidade de formação de técnicos de segurança no país. As idéias heinrichianas marcaram a formação desses trabalhadores. O resultado final foi um conceito sem base cientifica que ficou enraizado quando o tema acidente de trabalho é tratado. O problema da “teoria dos dominós” é que ela acaba culpando os trabalhadores pelos acidentes de que são vitimas.
Foi realizada uma pesquisa para entender como são construídas, no cotidiano de uma fábrica, as formas de compreender os acidentes de trabalho, e suas implicações para as praticas de prevenções e até mesmo reivindicações. O método utilizado foi um estudo de caso em uma indústria metalúrgica. Foram investigados os contextos institucional e discursivo da empresa através de analises de documentos, observações e conversas informais.
Inicialmente verificou-se uma ampla difusão do